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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Fernando Pessoa Heterónimos - Alvaro de campos

Álvaro Campos

®      Álvaro de Campos, a reflectir a insubmissão e rebeldia dos movimentos vanguardista da segunda década do século XX, olha o mundo contemporâneo e canta o futuro.
®      Álvaro de Campos é o poeta, que, numa linguagem impetuosa, canta o mundo contemporâneo, celebra o triunfo da máquina, da força mecânica e da velocidade. Dentro do espírito das vanguardas, exalta a sociedade e a civilização modernas com os seus valores e a sua “embriaguez”.
®      Diferentemente de Caeiro, que considera a sensação de forma saudável e tranquila, mas rejeita o pensamento, ou de Ricardo Reis, que advoga a indiferença olímpica, Campos procura a totalização das sensações, conforme as sente ou pensa, o que lhe causa tensões profundas.
®      Como sensacionista, é o poeta que melhor expressa as sensações da energia e do movimento, bem como as sensações de “sentir tudo de todas as maneiras”. Para ele a única realidade é a sensação.
®      Em Campos há a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa vertigem insaciável, que o leva a querer “ser toda a gente e toda a parte”. Numa atitude unanimista, procura unir em si toda a complexidade das sensações.
®      O desassossego de Campos leva-o a revelar uma face disfórica, a ponto de desejar a própria destruição. Há aí a abulia e a experiencia do tédio, a decepção, o caminho do absurdo.
®      Incorporando todas as possibilidades sensoriais e emotivas, apresenta-se entre o paroxismo da dinâmica em fúria e o abatimento sincero, mas quase absurdo.
®      Depois de exaltar a beleza da força e da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução do “eu”, a angústia existencial e uma nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
®      Na fase intimista de abulia, observa-se a disforia do “eu”, vencido e dividido entre o real objectivo e o real subjectivo que leva à sensação do sonho e da perplexidade. Verifica-se, também. A presença do niilismo em relação a si próprio, embora reconheça ter “todos os sonhos do mundo”.
®      Álvaro de Campos evolui ao longo de três fases: a de influência decadentista a que pertence o Opiário; a futurista e sensacionista, de inspiração whitmaniana, onde encontramos, por exemplo, a Ode Triunfal e a Ode Marítima; e a intimista ou independente, marcada pela abulia e o tédio, pela angústia e o cansaço, com poemas como O que há em mim é sobretudo cansaço, Esta velha angustua, Apontamento, ou os de Lisbon revisited.

®      Na primeira fase, encontra-se o tédio de viver, a morbidez, o decadentismo, a sonolência, o torpor e a necessidade de novas sensações; na segunda fase, há um excesso de sensações, a tentativa de totalização de todas as possibilidades sensoriais e afectivas, a inquietude, a exaltação da energia, de todas as dinâmicas, da velocidade e da força até situações de paroxismo; na terceira fase, perante a incapacidade das realizações, volta o abatimento, a abulia, a revolta e o inconformismo, a dispersão e a angústia, o sono e o cansaço. 
Fernando Pessoa Heterónimos - Alvaro de campos Reviewed by vanda mata on 10:07 Rating: 5 Álvaro Campos ®       Álvaro de Campos, a reflectir a insubmissão e rebeldia dos movimentos vanguardista da segunda década do século X...

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