João e a Matemática
João saiu da escola furioso. Mais uma
negativa a matemática! Ia ficar de castigo e, ainda por cima, lhe cortavam a
semanada.
- Para que serve a matemática? –
Interrogava-se ele. – Os cães, os gatos, os elefantes vivem sem fazer contas.
Antes de inventarem a escolaridade obrigatória a humanidade era feliz sem essa
tortura. Pior que a matemática, só as injeções da Tia Engrácia.
Deu um pontapé numa pedra e logo, por
azar tráz!!!! A maldita foi acertar no vidro da drogaria. Plim…plim…plim
desfez-se em cacos.
João largou a correr, atrás dele o
droguista, atrás os colegas a rir, numa chacota.
- Que pontaria!
-Não acertas nas contas mas acertas nas
montras.
- Vais ser convidado para a seleção de
futebol. Este foi o melhor golo do campeonato.
Fingindo não os ouvir, o rapaz
esgueirou-se, saltou para um autocarro, sem saber o destino que levava.
Aos balanços, sacudindo para ali e além,
via passar casas e ruas desconhecidas. Perdido por cem, perdido por mil. Havia
de ir até ao fim da carreira. Voltar para casa para quê? Para apanhar um
raspanete?
Era quase noite quando o autocarro
finalmente parou junto a um lago triste. Apeou-se. Não sabia onde estava. Foi
vagueando ao acaso, por entre prédios arruinados, até um jardim onde meia dúzia
de árvores erguiam os ramos para o céu, como fantasmas reformados. Doía-lhe a
cabeça e tinha a barriga a dar horas. Sentou-se num banco em frente estava uma
pasta de crocodilo.
Sempre fora curioso. Deu dois passos,
carregou o fecho dourado e que viu ele? Milhares e milhares de notas de 50
euros. Procurou um nome, uma morada. Absolutamente nada.
Olhou mais uma vez em volta. Ninguém.
Então atirou fora os cadernos e livros e atulhou a mochila com aquela
inesperada fortuna.
A cabeça quase lhe andava à roda de fome
e entusiasmo. Podia comprar uma quinta, um carro, um cavalo, tudo o que
desejasse. Só não podia livrar-se da matemática.
Até aos catorze anos era forçado a ir
para a escola.
E ainda dizem que há liberdade!
Luísa Ducla Soares, O Rapaz e o Robô, Terramar
A) Assinala, com X, a hipótese correta:
1.
João tinha tirado negativa a matemática
por isso saiu da escola...
( ) muito feliz.
( ) furioso.
( ) triste.
2.
Para ele pior que a matemática
só...
( ) as injeções da Tia Engrácia.
( ) a Língua Portuguesa.
( ) estar doente.
3.
Deu um pontapé numa pedra e
esta foi acertar no vidro
( ) do café da Tia Engrácia
( ) da pastelaria
( ) da drogaria
4.
Para fugir dos seus colegas e
do droguista que o perseguiam, João entrou...
( ) num autocarro
( ) num táxi
( ) da drogaria
5.
Segundo o texto, João era
obrigado a ir para a escola até...
( ) aos dezasseis anos
( ) aos catorze anos
( ) à noite
II
Responde às seguintes questões de forma completa:
1.
Identifica o autor do texto e
a obra da qual foi retirado.
2.
Identifica as personagens do
texto, fazendo a distinção entre personagens principais, personagens
secundárias e figurantes.
3.
Como classificas o narrador do
texto quando à sua participação? Justifica a tua resposta.
4.
O que levou o João a sair
furioso da escola?
5.
João largou a correr, atrás dele
o droguista, atrás os colegas a rir; numa chacota.
5.1. Transcreve
do texto as frases que mostram como é que os colegas comentaram o seu “pontapé
certeiro”.
5.2. O
que fez o nosso herói para solucionar o problema e fugir daqueles que o
perseguiam? Concordas com a atitude dele? Justifica a tua resposta.
6.
Liga corretamente as colunas
A, B e C de modo a saberes o que aconteceu em seguida.
|
7.
Completa a frase com as
palavras corretas de acordo com o texto:
Com o ___________________
encontrado, João estava _______________ e podia___________________ uma quinta,
um ____________, um __________ e __________________ o que mais desejasse, no
entanto, não ______________ livrar-se da _____________ antes de fazer
_____________ anos.
8.
Deu dois passos, carregou no
fecho dourado e que viu ele?
10.1. Descreve as emoções e os sentimentos que pensas
que João sentiu nesse momento.
11. O que é que o João fez após ter descoberto o
tesouro dentro da pasta de crocodilo?
12. Apoiando-te no texto faz o retrato físico e
psicológico do João.
III
1.
Completa a tabela seguinte,
fazendo a translineação das palavras da coluna A na coluna B classificando-as
respetivamente quanto ao número de sílabas na coluna C.
A
|
B
|
C
|
Pontaria
|
||
Escola
|
||
Carregou
|
||
Só
|
||
Quase
|
||
Esgueirou-se
|
||
Fim
|
||
Quanto
|
||
Desejasse
|
||
atulhou
|
2.
Classifica quanto à forma e ao
tipo cada uma das frases:
·
João saiu da escola furioso.
·
Para que serve a matemática?
·
João, entra imediatamente no
autocarro!
·
Que pontaria!
·
Olhou mais uma vez em volta.
·
E ainda dizem que há
liberdade?
·
Para apanhar um raspanete?